PINHOLE LAB

O LAC – Laboratório de Actividades Criativas tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos anos uma série de actividades relacionadas com a fotografia estenopeica (pinhole). Contamos este ano com a parceria estabelecida com o Núcleo de Fotografia do Instituto Politécnico de Portalegre, com orientação de Rui Cambraia e o apoio de material fotográfico da empresa J. Valles, Lda. Esta iniciativa conta ainda com o apoio indispensável do Teatro Experimental de Lagos, na cedência da carrinha.

Propomos para o fim-de-semana de 25 e 26 de Abril de 2009 transformar uma carrinha de caixa fechada numa câmara fotográfica pinhole móvel, realizando fotografias de grande formato em locais carismáticos da cidade.

Se quiser vivenciar esta experiência, pode ligar para os números 93 632 32 00 ou 96 531 03 51, que nós indicaremos todas as coordenadas para nos encontrar, do nascer ao pôr-do-sol!

No último domingo de Abril realiza-se um evento internacional de promoção e celebração da arte da fotografia pinhole, intitulado Worldwide Pinhole Photography day (www.pinholeday.org). Neste dia milhares de pessoas de todo o mundo são estimulados a vivenciar esta experiência, criando a sua máquina fotográfica, realizando a sua fotografia e participando numa exposição colectiva de todo o Mundo! Se desejar participar neste evento, poderemos ajudá-lo na sua fotografia!

O pinhole caracteriza-se pela realização de imagens fotográficas sem a utilização de lentes. A luz entra numa câmara escura por um pequeno furo (o pinhole) que, por essa razão, tem a faculdade de formar uma imagem no interior da câmara.

A existência de um ponto de vista é incontornável e inerente à existência física da própria câmara, ou seja, se ela existe tem que estar em algum lugar. Mas o enquadramento é sempre uma surpresa, porque a generalidade das câmaras estenopeicas não possuem visor. Aponta-se a câmara na direcção do assunto, e realiza-se a exposição sem nunca se perder a percepção completa do contexto real onde a imagem será forjada.

Não há diafragma nem obturador, e aquilo que determina o tempo de exposição da imagem é uma fita-cola negra ou mesmo o próprio dedo que tapa e destapa o furo. Há uma dimensão mais humana (corpórea) na realização de imagens pinhole artesanais, e que não se esgota no sistema de obturação.

Tradicionalmente, a duração da exposição é determinada por tentativa e erro, pois mesmo que se recorresse a um fotómetro, a indeterminação do diâmetro do furo, e o alto valor f forçosamente implicado, impossibilitam a determinação do tempo de exposição dessa forma. O fotómetro de uma câmara fotográfica pinhole tradicional é, como outrora, os olhos e a sensibilidade do fotógrafo. O estabelecimento de uma relação íntima entre o fotógrafo e a luz é outro aspecto envolvido nesta técnica fotográfica, que os equipamentos modernos, pelo nível avançado de sofisticação e democratização, deixaram, em parte, desaparecer.

Mas ao nível da nossa percepção do “tempo” que a fotografia pinhole coloca em causa os conceitos de temporalidade envolvidos na fotografia. Mesmo com películas mais sensíveis (sobretudo com papel fotográfico) os tempos de exposição não são superiores a 1/15 segundo. Ou seja, uma fotografia pinhole nunca é um instantâneo.

Não sendo um instantâneo, em que posição temporal se coloca uma imagem que foi realizada durante, digamos, 10 segundos? Na verdade, esta imagem compreende uma extensão de tempo que vai de um presente imediatamente passado, até um presente de onde emerge aquilo que, no instante anterior, era ainda futuro e indeterminado. Nesse sentido, a fotografia pinhole regista a duração das coisas, o que confere a estas imagens um carácter profundo, a expressão de uma densidade existencial que só muito dificilmente podemos ter de outra forma: a da nossa extensão nas coisas e a extensão das coisas em nós, como um tecido feito de vida em contínuo.
 

 

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