Artistas Unidos apresentam a peça de teatro "Brilharetes" na Casa da Cultura de Loulé

Peça de Teatro
“Brilharetes”


Artistas Unidos


18 e 19 de Fevereiro
Casa da Cultura de Loulé
Pelas 22 horas

BRILHARETES
(Lustrini)

de Antonio Tarantino

 

As personagens são duas, mais uma terceira que não fala, que talvez se veja ou talvez não, que é, em todos os sentidos, uma projecção. Encontramo-las, na didascália: há o protagonista epónimo, «Brilharetes, um ex-professor primário que optou pela vida da rua, com cerca de quarenta e cinco anos, magro e com rosto de criança»; há o deuteragonista – mas atenção: entre os dois papéis existe um equilíbrio que sucessivamente modifica ou desfaz ou consuma as respectivas funções - , «Cavagna, homenzarrão rude, à volta dos cinquenta, ex-jogador de bilhar medíocre, vigarista e ladrão sem sorte»; e há «Uma sombra que passa na rua e a quem chamam Caim, na realidade: Khaìm». Mas não pode faltar, mais uma vez, o Ausente: que, neste Godot dos pobres – dois miseráveis sentados num banco, debaixo da neve, à espera – , é o director de serviço do hospital, que saca dos «comerciantes que têm um cagaço medonho de morrer e desempocham que nem banqueiros», aquele a quem vão extorquir com uma história triste, segundo “a dica” de Cavagna, uma quantia proporcional à sua má consciência.

Em redor, o quotidiano tragicamente cómico de dois miseráveis pícaros: a taberna e o estábulo, a mendicidade e o roubo, o ódio, o rancor entre pobres que se vira, como em Stabat Mater.
O “inexprimível” a que Tarantino quer dar presença e voz é tudo aquilo que, dentro de nós, se agita na sombra: o universo obscuro e miserável da marginalidade e da doença, que a sociedade oculta nos mais escuros recantos da cidade e da consciência.

“Representação religiosa, mistério, via-sacra, auto sacramental… Fantasmas, fetiches, memórias enterradas (e escolares) que de repente parecem acender-se com uma nova vida, como que atingidas por um feixe de luz cruel e violenta, no momento em que se encontram e se percorrem, no palco ou nos textos, os dramas de Tarantino. Ao mesmo tempo, perante os olhos da mente materializam-se, e agitam-se no pensamento, as sombras amadas de Pasolini e de Testori: mas talvez aqui a evocação não seja tão legítima, e veremos porquê.”
 Elena de Angeli

BRILHARETES (Lustrini) de Antonio Tarantino Tradução Tereza Bento Com João de Brito e Tiago Nogueira Cenário e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Assistência Joana Barros Apoio à produção João Meireles Um espectáculo de João de Brito e Tiago Nogueira com a colaboração de Jorge Silva Melo Co-produção Artistas Unidos/ LAMA/ Molloy Associação Cultural M16
 

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