O Teatro Análise da Casa da Cultura de Loulé, tem vindo a preparar ao longo dos últimos meses novas produções teatrais, as quais irão integrar a mostra de teatro Cenários 2015, promovida pela Câmara Municipal de Loulé.
A primeira peça do grupo de teatro da Casa da Cultura a estrear e a ser exibida no Cenários 2015 será "O Funcionário Público", a qual irá subir ao palco do Cine - Teatro Louletano já no próximo Sábado dia 07 de Março pelas 21:30h.
Título - “O Funcionário Público”
Texto- Reinaldo Barros
Encenador : José Teiga
Actores - António Pinto, Renato Brito, Vicente Guerreiro
Musica :
Élio Perfeito
Final “Balada da Fome” .C.D “ Mar Ao Fundo ”de Afonso Dias
Sonoplastia e Luz - Martim Santos
Cenografia - Ana Sousa
Produção - Casa da Cultura de Loulé- Teatro Análise Loulé-T.A.L
Duração da peça: entre 60 a 80 minutos
Sinopse:
O Psicodrama que se vem desenrolando, neste palco retangular mais antigo da Europa que, é também Estado Nação, com língua própria universal, onde os ricos imorais ficaram miseráveis mas, bem engravatados pedem desculpa como meninos de coro, e os pobres, com a esperteza e estupidez lusitana, apenas se entretém a ser campeões da anedota (muito próximos uns dos outros como dois extremos que se tocam e quase se confundem) geraram uma pandemia de transtornos emocionais, com aspetos psiquiátricos e espirituais que só podem ser tratados pela catarse teatral.
Apanhado por esta infestação o funcionário público, por tanta atenção que tiveram com ele, de tanto ter sido falado, televisionado, debatido e abatido ao quadro, à condição de ser, pai, ou mãe, trabalhador útil e tudo o mais como os outros cidadãos. Por causa “dos donos disto tudo”, tornou-se o mal de tudo isto. Sentindo-se assim, menos que um percevejo, tem graves neuroses mistas de ordem psíquica e física, com, medos e paralisias, movimentos desconexos, distúrbios múltiplos. Porque a sua vida se tornou vida de cão, já não fala, só grunhe ou ladra mas sem direção.
Como todo o português, que não sente que o Estado o proteja e promova, antes o tornou descartável, resta-lhe ter um amigo, coisa que todo o português tem, doutro modo já não existiríamos, o que seriamos nós sem o amiguismo?
O Amigo por sua vez compadecido, leva-o ao Psiquiatra que é DR.º consagradíssimo, homem de família titulada, boa gravata, muito televisionado daqueles que sabem tudo, mas esconde os seus medos, nomeadamente do além e, não consegue dar com a doença do Maluco (funcionário Publico).
O Amigo, homem de experiência feito, dá lições, práticas ao DR.º, ensinando-o a lidar com os funcionários públicos. Ele conhece bem a génese da autoridade do Estado e dos seus mecanismos, da psicologia usada pelos governantes para o bom funcionamento deste.
Como todo o português que se presa, fala bem e mal de tudo, ao mesmo tempo sem mudar de cara. A consulta que, era para cuidar do maluco, vira conversa sobre todas as coisas, (política, a crise, negócios, futebol, fantasmas e outras esquisitices, não esquecendo as saias, pois todo o português sofre de “SPC”). O Coitado do maluco (funcionário publico) fica esquecido, no meio de tantos assuntos e conversa.
Por sua vez o Maluco, tem rasgos de lucidez e profetismo, de rara beleza poética, que deixa o médico espantado.
No fim, o amigo fica muito contente com o psiquiatra, este por sua vez, fica radiante, pelo que aprendeu com a vida de um prático, cheio de soluções e desenrascanço. O maluco (funcionário publico), acaba por não ser consultado, porque a conversa desviou, para tudo e para nada e já não há mais tempo.
Terá isto, alguma coisa a ver os portugueses?
Qualquer parecença será pura ficção!
Assim, a sua doença continua a ser um mistério, tal com aconteceu com Antero.
O Resto se desvendará no palco, onde tudo acontece “aqui e agora” e não mais se repete.
Sendo um drama, e eles (os Funcionários Públicos) que o digam, será ao mesmo tempo para os atores e espetadores, também um momento de comédia, pois se o ódio é o amor ao contrário, porque não serão capazes os atores de dramatizar, brincar jogando, para divertir instruindo?
Se o psicodrama do Estado Nação, é tão rico de personagens, vamos virar-lhes as máscaras, mesmo que fiquem, com más caras, já que as coisas estão sempre mais caras e nós queremo-las mais claras.
Como a arte do ator é o Teatro e os atores levam as palavras aos atos, no Teatro há sempre verdade, porque o ator aprende quem é!
Continuaremos assim, a servir como amadores dessa coisa amada (Teatro), T.A.L. como vimos fazendo nestes trinta e um anos.