16º Festival Internacional de Jazz de Loulé - 2010

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Nota de abertura

 

 

Cá estamos de novo para assinalar quinze anos e dezasseis edições deste evento inteiramente dedicado à música de jazz.
Para começar, e como sempre, impõe-se-nos agradecer a todos e todas, pessoas e instituições, que continuam a permitir, com o seu esforço ou o seu apoio, a continuidade desta festa da música, única – pela sua constância – no panorama cultural dos Estios algarvios.
Como sempre, tentámos também seguir uma fórmula que, sem comprometer a qualidade e contemplando a diversidade possível numa programação relativamente reduzida, ofereça a todos, leigos e especialistas, escolhas e momentos de encontro verdadeiramente gratificantes com a grande música de raiz afro-americana.
Nesta edição, as atenções estarão, compreensivelmente, viradas para a presença desse marco da história do Jazz que dá pelo nome de McCoy Tyner; não é para menos, sobretudo quando acompanhado por músicos de excelência e em parceria com outro notável, o saxofonista Joe Lovano (que nos visitou há dois anos, no seio do SF Jazz Collective). No entanto, vale seguramente a pena olhar, de forma descomprometida e atenta, para as restantes propostas do programa. Acontece que, para além da frescura e indiscutível qualidade de que todas têm vindo a dar provas, elas são, definitiva e afirmativamente, vozes novas dentro do jazz. Vozes com coisas para dizer, desde o virtuosismo e humor refinado dos Talking Cows, passando pelo encontro perfeito entre o classicismo e os riscos da contemporaneidade de Time Out, até à expressão, ora poética, ora vulcânica, de Bojan Z.
Em nossa opinião, e mesmo arriscando sermos acusados de advogar em causa própria, aqui está, de novo, uma mão cheia de eventos que se recomenda.

Manuel Soares

 

 

Sábado, 17 de Julho, 22 horas
Cerca do Convento do Espírito Santo


Talking Cows


Frans Vermeerssen………saxofone tenor
Robert Jan Vermeulen………………..piano
Dion Nijland…………………….…contrabaixo
Christian Thome……………………..…bateria

 

Talking Cows é um novo quarteto holandês fundado por Robert Jan Vermeulen e Frans Vermeerssen. Vermeulen é um pianista bem conhecido no jazz europeu, não só pela colaboração que tem prestado a muitas formações mainstream, mas também pelo seu interesse pela música de Monk (recordemos o seu magnífico álbum Ugly Beauty – The Music of Thelonious Monk) e Misha Mengelberg. Vermeerssen é uma referência da música improvisada, tendo vindo a dedicar particular atenção ao jazz dos anos 50 e 60 e reflectindo claras influências de Ornette Coleman. Em conjunto, eles são a base deste novo quarteto, já com dois discos gravados: Bovinity, de 2006, e Dairy Tales, de 2008. Para além de intérpretes talentosos, são também compositores dotados que nos oferecem uma abordagem estimulante e criativa da música que, em conjunto com os seus colegas Dion Nijland e Christian Thome, tocam. Os quatro músicos encaram a tradição do jazz com um humor leve e, segundo a crítica, estamos em presença de algo “entre o som dos anos 50 e o espírito do século XXI.”

 

Saturday, 17 July, 10 pm
Cerca do Convento do Espírito Santo


Talking Cows


Frans Vermeerssen………tenor saxophone
Robert Jan Vermeulen…………………...piano
Dion Nijland…………………….……double bass
Christian Thome………………………….…drums

 

 

A new Dutch Quartet founded by Frans Vermeerssen and Robert Jan Vermeulen. Vermeulen, who is well known for his playing in mainstrean jazz groups, had been developing a growing interest in the music of Thelonious Monk (see Ugly Beauty – The Music of Thelonious Monk) and Misha Mengelberg. Vermeerssen has long been a mainstay of the improvised music scene but has always had a strong interest in the lively jazz from the 50's and 60's; we can feel the influence of Ornette Coleman. Together they form the intriguing basis for a new quartet. Vermeulen and Vermeerssen have written a new repertoire and found talented young musicians to play with: Dion Nijland on bass and drummer Christian Thome. "Talking Cows" approach their music in a creative, open environment, which results in fresh music for the mind and heart. These four musicians deal with the jazz tradition with serious and fleet-footed humour; the critics say that their music is “between the 50’s sound and the 21st century spirit.”

 

Sexta-feira, 23 de Julho, 22 horas
Praça Duarte Pacheco


Bojan Z  Tetraband

Bojan Zulfikarpasic……..piano; Fender Rhodes
Josh Roseman……………………………….trombone
Ruth Goller………………………………guitarra baixo
Sebastian Rochford…………………………...bateria

 

 

Bojan Zulfikarpasic, mais conhecido como Bojan Z, nasceu em Belgrado, em 1968, numa família muito ligada à música; cresceu a ouvir clássicos como Ravel ou Claude Debussy e começou a tocar piano aos cinco anos de idade. Desde muito jovem que integrou várias formações na cena jazzística de Belgrado, o que lhe valeu, em 1989, o prémio de Melhor Jovem Músico de Jazz da Jugoslávia. Em 1986 estudou com Clare Fisher no Blue Lake Fine Arts Camp, no Michigan. Naturalmente influenciado pela música balcânica, sempre demonstrou um grande interesse pelas múltiplas raízes da música, partindo delas para criar diferentes atmosferas. Como se pode, aliás, constatar pela sua discografia: Quartet, Yopla, Koreni, Solobsession, Transpacifik, Xenophonia e Humus. Diferentes abordagens, uma visão: foi assim que Bojan Z se tornou uma referência no jazz francês, após se ter fixado em Paris em 1988. Tem tocado com músicos como Henri Texier, Scott Colley, Nasheet Waits, Ben Perowsky, Karim Ziad, Kudsi Erguner ou Remi Vignolo. Utiliza uma combinação única do piano acústico com o eléctrico (Fender Rhodes). Graças ao seu trabalho, em 2002 o governo francês honrou-o com o título de Chevalier de l’ Ordre des Arts et des Lettres e, em 2005, recebeu o galardão de Melhor Músico de Jazz do Ano. Em 2008, o respeitável e insuspeito Guardian afirmou: “Isto foi apenas o começo de uma gratificante demonstração do que pode ser a liberdade de expressão.” O que poderemos confirmar neste concerto.

 

Friday, 23 July, 10 pm
Praça Duarte Pacheco


Bojan Z  Tetraband


Bojan Zulfikarpasic……..piano; Fender Rhodes
Josh Roseman……………………………….trombone
Ruth Goller……………………………………bass guitar
Sebastian Rochford……………………………..drums

 

Bojan Zulfikarpasic, best known as Bojan Z, was born in 1968 in Belgrade into a family of music lovers and raised on the classic composers such as Ravel or Claude Debussy. He started playing piano at the age of 5, and as a teenager, he started playing in bands on Belgrade jazz scene, where he received Best Young Jazz Musician of Yugoslavia award in 1989. In 1986 studied with Clare Fischer at the Blue Lake Fine Arts Camp in Michigan. He was influenced by the traditional Balkan music playing. He moved to Paris in 1988, playing with musicians such as Henri Texier,  Scott Colley, Nasheet Waits, Ben Perowsky, Karim Ziad, Kudsi Erguner and Remi Vignolo. In 1993, he recorded the debut album, Quartet,  followed by Yopla. In 1999, he was engaged in multi-ethnical project Koreni (Roots). Then came out Solobsession, Transpacifik, Xenophonia and Humus. He's often using the combination of acoustic piano with Fender Rhodes electric piano. In 2002 Bojan Zulfikarpasic was granted the title of Chevalier de l’ordre des Arts et des Lettres by the French government. In 2005 he was granted the European Jazz Prize as the Best European Jazz Musician. In 2008 The Guardian said: “ …It was just the beginning of an exhilarating demonstration of what freedom of expression can really be about.”  That’s what we can see in this concert.

 


Sexta-feira, 30 de Julho, 22 horas
Praça Duarte Pacheco


Géraldine Laurent – Time Out Trio


Géraldine Laurent……….saxofone alto
Yoni Zelnik……………………..contrabaixo
Laurent Bataille…….……………….bateria

 

Géraldine Laurent é uma das mais estimulantes e recentes revelações do jazz francês. Nascida em Niort, em 1975, começou por fazer estudos clássicos de piano, optando pelo saxofone alto aos treze anos de idade. Estudou com músicos como J. M. Padovani, J.L. Chautemps e Floris Bunik e obteve o seu diploma Jazz DEM, bem assim como o mestrado em Musicologia. As suas influências recuam até Parker, passando por Ornette, Cannonball, Coltrane,Paul Desmond ou Dolphy. Tocou e gravou com vários músicos e em diferentes contextos, de que destacamos, entre outros, Christophe Joneau, Hélene Labarrière, Éric Groleau, Aldo Romano, Charles Bellonzi, e Henri Texier. Em 2006 foi galardoada com o Django d’ Or e, em 2007, decidiu enfrentar o risco de uma formação sem instrumento harmónico, o que deu origem ao Time Out Trio e à gravação homónima – uma verdadeira surpresa para toda a crítica. Géraldine é considerada uma força da natureza que, embora ancorada na tradição do jazz, não abdica de uma abordagem muito própria dos standards, sobretudo os menos divulgados ou, então, de referências superiores, como Fables of Faubus, de Mingus. Atentemos nas suas palavras: “…procuro cada vez mais aqueles momentos em que me deixo levar e me surpreendo por tocar para além daquilo que sei; o que me importa é a linha melódica, o ritmo e o estado de espírito – tudo aquilo que provoca esse estado de loucura controlada.” Eis, pois, uma verdadeira jazzwoman em perfeita interacção como os seus compagnons de route, Yoni Zelnik e Laurent Bataille.

 

Friday, 30 July, 10 pm
Praça Duarte Pacheco


Géraldine Laurent – Time Out Trio


Géraldine Laurent……….alto saxophone
Yoni Zelnik……………………….double bass
Laurent Bataille…….………………….drums

 

Born in Niort, in 1975, Géraldine Laurent began her musical training with classical piano before picking up the saxophone at age 13. She attended masterclasses and training courses with such players as J.M. Padovani, J.L. Chautemps and Floris Bunik. She obtained the Jazz DEM diploma as well as a master in musicology.  She recorded and played in various ensembles:  Christophe Joneau, Hélene Labarrière, Éric Groleau, Aldo Romano, Charles Bellonzi, and Henri Texier, among others. Her playing is rooted Charlie Parker, Ornette Coleman, Cannonball Adderley, Paul Desmond (some ballads) and Eric Dolphy. In 2006 Géraldine was awarded the Django d’ Or  and took the risk of playing without a harmonic instrument: in 2007 surprise happened with the release of Time Out, where she introduces a force of nature well versed in the jazz tradition but not afraid to put her abandoned spin in it. Her repertoire is made up of lesser known standards or challenging masterpieces as Fables of Faunus by Charles Mingus. She says, “I’m looking for more and more of those moments when I let go and surprise myself by playing beyond what I know. The important things to me are the singing line, the rhythm and the mood. Everything that provokes that wonderful state of controlled madness.” Géraldine is perfectly matched by her colleagues, bassist Yoni Zelnik and drummer Laurent Bataille. Let’s enjoy the freshness and joy of this rising star of the French jazz.

 

Sábado, 31 de Julho, 22 horas


Praça Duarte Pacheco
CONCERTOALLGARVE


McCoy Tyner Trio


convidado especial Joe Lovano


McCoy Tyner……………………….piano
Joe Lovano……… …saxofone tenor
Gerald Cannon………….contrabaixo
Eric Gravatt…………………..….bateria

 

É sempre difícil dizer algo de novo sobre aqueles de quem já tudo de substantivo foi dito. Apesar disso, algumas notas, necessariamente breves: - Alfred McCoy Tyner nasceu em Filadélfia, em 1938. É o mais velho de três irmãos e começou a estudar piano aos treze anos de idade; dois anos depois, a música passou a ser o foco da sua vida. Entre as suas influências está a de Bud Powell, um vizinho de Filadélfia, e a prova de fogo aconteceu em 1960, quando integrou o lendário Jazztet de Benny Golson e Art Farmer. Logo depois integrou o célebre quarteto de John Coltrane, substituindo Steve Kuhn. Entre 1961 e 1965 sucederam-se as tornées e as gravações do quarteto (Coltrane, Tyner, Garrison e Elvin Jones), entre as quais se destacam os clássicos Live at the Village Vanguard, Ballads, Live at Birdland, Crescent, A Love Supreme e The John Coltrane Quartet Plays. Sob o seu próprio nome, Tyner gravou um grande número de álbuns com enorme influência no meio do jazz, tendo feito parte, igualmente, em grande parte das mais famosas gravações da Blue Note. Em 1966 começou a trabalhar com um novo trio, podendo, finalmente, iniciar a sua carreira como líder. O seu estilo pianístico é facilmente comparável ao de Coltrane no saxofone. No entanto, enquanto membro do grupo de Coltrane, nunca foi obscurecido pelo saxofonista mas, antes, complementado e inspirado pela abordagem despreconceituosa daquele. McCoy Tyner é considerado como um dos mais influentes pianistas de jazz de todo o século XX, um estatuto que ganhou juntamente com Coltrane, mas que tem mantido após a morte do saxofonista.

 

Saturday, 31 de July, 10 pm
Praça Duarte Pacheco


ALLGARVE CONCERT


McCoy Tyner Trio


with special guest Joe Lovano


McCoy Tyner……………………….piano
Joe Lovano……… …saxofone tenor
Gerald Cannon………….contrabaixo
Eric Gravatt…………………..….bateria

 

It’s always very difficult to say something new about great names when everything has been said. Anyway: -  Born Alfred McCoy Tyner in Philadelphia as the oldest of three children, he began studying the piano at age 13 and within two years, music had become the focal point in his life. His early influences included Bud Powell, a Philadelphia neighbor. Tyner's first main exposure came with Benny Golson, being the first pianist in Golson's and Art Farmer's legendary Jazztet (1960). After departing the Jazztet, Tyner joined Coltrane's group in 1960 during its extended run at the Jazz Gallery replacing Steve Kuhn. He appeared on the saxophonist's popular recording of My Favorite Things. The Coltrane Quartet, which consisted of Coltrane on tenor sax, Tyner, Jimmy Garrison on bass, and Elvin Jones on drums, toured almost non-stop between 1961 and 1965 and recorded a number of classic albums, including Live at the Village Vanguard, Ballads, Live at Birdland, Crescent, A Love Supreme, and The John Coltrane Quartet Plays ..., on the Impulse label. Tyner has recorded a number of highly influential albums in his own right. The pianist also appeared as a sideman in many of the highly acclaimed Blue Note Records albums of the 1960’s.His involvement with John Coltrane came to an end in 1965. By 1966, Tyner was rehearsing with a new trio and would now fully embark on his career as a leader. Tyner's style of piano is easily comparable to Coltrane' style of saxophone. Though a member of Coltrane's group, he was never overshadowed by the saxophonist, but complemented and even inspired Coltrane's open-minded approach. Tyner is considered to be one of the most influential jazz pianists of the 20th Century, an honor he earned both with Coltrane and in his years of performing following Coltrane's passing.

 

 

 

 

 

 

 

 

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